quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Adolfo Caminha por Sânzio de Azevedo

Breve biografia de Adolfo Caminha por Sânzio de Azevedo

Nascido no Aracati, em 29 de maio de 1867, e tendo falecido no Rio de Janeiro, no primeiro dia do ano de 1897, com menos de 30 anos de idade, Adolfo Caminha foi durante sua breve existência o que foi no melhor de sua obra de escritor: um revoltado. Espírito profundamente inquieto e temperamento extremamente impulsivo, era aluno da Escola Naval, no Rio, quando, na presença do Imperador, não hesitou em fazer a apologia do regime republicano, por ocasião de uma homenagem póstuma a Vítor Hugo. Já oficial de Marinha, publica um conto em que faz questão de descrever a desumanidade dos castigos corporais, em voga nos navios de guerra, àquela época. Voltaria ao assunto, com a mesma veemência, num livro de viagem, No País dos Ianques (1894) e no romance Bom-Crioulo (1895). Transferido para o Ceará, um escândalo amoroso fê-lo malvisto na pequena Fortaleza da década de oitenta. Intimado a abandonar a Província, por ordem de seus superiores, o que termina abandonando é a carreira das armas, indo ocupar um modesto cargo de funcionário civil na Tesouraria da Fazenda. Na Capital do País, para onde logo se muda, haveria de publicar A Normalista (1893), seu mais famoso romance, onde, como num desabafo, põe à mostra todas as baixezas e podridões da sociedade que o repudiou, chegando mesmo a fazer a caricatura de alguns figurões com os quais se desaviera. Tentaria também vingar-se da corporação a que pertencera, através das páginas do Bom-Crioulo, uma triste história de marinheiros, na qual se conta um caso de homossexualismo, e onde, como foi dito, reaparece o tema dos castigos corporais, como se a vida da Marinha fosse apenas esse lado negro, a que seu grande talento empresta cores ainda mais sombrias.
Sânzio de Azevedo, em Falas Acadêmicas, Academia Cearense de letras.

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