segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A FOTOGRAFIA COMO METÁFORA DO FAZER LITERÁRIO DE RODOLFO TEÓFILO

Evento: IX Encontro interdisciplinar de Estudos Literários (2012)

Local: Centro de humanidades - UFC.

Uma das mais famosas polêmicas literárias ocorridas no Ceará, no final do século XIX, foi entre os escritores Rodolfo Teófilo (1853-1932) e Adolfo Caminha (1967-1897). Através do Jornal O pão (1895), Rodolfo Teófilo se defendeu das críticas que Adolfo Caminha fizera ao seu romance de estréia, A fome (1890). Ele atacou a obra de Adolfo Caminha, A normalista (1893), apontando diversos defeitos de estilo e de verossimilhança, sendo o mais grave o fato do romance não ser uma fotografia fiel da realidade. É interessante salientar a utilização da palavra “fotografar” como sinônimo da escritura naturalista. O objetivo da nossa pesquisa foi de investigar como o conhecimento da técnica fotográfica contribuiu para a formação da visão estética de Rodolfo Teófilo. Para tal fim, realizamos um sucinto estudo comparativo entre a Fotografia e a Literatura Naturalista. Iniciamos por uma contextualização do surgimento da ciência fotográfica e discussão do conceito de imagem fotográfica. Depois, estudamos os fundamentos da escola naturalista em O romance experimental, do escritor francês Émile Zola (1840-1900). Por fim, analisamos os artigos publicados no jornal O pão, da Padaria Espiritual (1892-1898), em que Rodolfo Teófilo expôs sua concepção literária: “A normalista” e “Cartas literárias”. Aprofundamos o nosso estudo com a utilização dos livros: Fotografia e História de Boris Kossoy, O ato fotográfico de Philippe Dubois e o ensaio de Walter Benjamin “Pequena história da fotografia”. Após a pesquisa, constatamos que o registro visual, produto da técnica fotográfica foi confundida como uma fração da realidade na época de seu surgimento. Rodolfo Teófilo, após conhecer essa nova tecnologia e pela leitura da obra de Zola, utilizou a fotografia como metáfora do seu fazer literário, pois em suas produções literárias buscava uma fidedignidade radical com os eventos ocorridos na sociedade, tendo sido este o principal foco de sua crítica a Adolfo Caminha.


Rodolfo Teófilo: “Ao Sr. Caminha falta penetração e foro do romancista. Ele não estuda os tipos e os não descreve com uma visão nítida e verdadeira, uma intuição do intimo: não fotografa, com aquela precisão de escritor psicologizo os personagens no movimento real da vida com seus verdadeiros tons.” (O pão, 1 de Agosto de 1895. Nº 21. Ano II).