quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Rodolfo Teófilo - Romancista Cearense

 

Baiano por acidente e cearense de coração, farmacêutico e literato, Rodolfo Teófilo (1853-1932) foi uma figura de intensa atuação política e cultural durante a passagem do século XIX ao XX no Ceará. Intelectual engajado, foi um ferrenho opositor da oligarquia Accioly (1896-1912); além de denunciar o descaso do governo em relação às secas, participou ativamente da campanha abolicionista (1881-1883) e, contrariando os seus opositores, conseguiu erradicar a varíola do estado do Ceará (1900-1907). A singularidade do naturalismo literário de Rodolfo Teófilo acentua-se através da presença constante da “cor local“, cujo objetivo era fotografar a nossa época, os costumes, índole e civilização do nosso povo. O seu romance de estreia é A fome (1890), que narra, com um estilo cru e dantesco, os flagelos assustadores, acontecidos durante a grande seca de 1877-78. Rodolfo Teófilo subtitulou o livro como “cenas da seca do Ceará“ e é considerado um dos textos mais fortes da literatura brasileira. O livro é eivado de descrições cruas e exageradamente cientificistas dos retirantes agonizando e morrendo devido à fome e à epidemia de varíola que assolou a capital cearense. Foi na década de 1890, que Rodolfo Teófilo participou da famosa Padaria Espiritual, da qual foi o seu último padeiro-mor (presidente). Por meio dessa agremiação literária, o farmacêutico publicou a maior parte de seus romances mais destacados: Os Brilhantes (1895), Maria Rita (1897), Violação (1898) e O paroara (1899). Rodolfo Teófilo tentou representar fidedignamente os problemas sociais, políticos e ecológicos do Ceará e do nordeste de sua época em suas obras literárias.

Pesquisa Acadêmicas sobre Rodolfo Teófilo 

Pesquisador: Charles Ribeiro Pinheiro

DISSERTAÇÃO: Rodolpho Theophilo: a construção de um romancista (2011).
Local: Programa de Pós-Graduação em Letras - UFC.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva.
Resumo: Esta dissertação realizou uma investigação da formação intelectual e literária de Rodolfo Teófilo (1853-1932), verificando como se deu o seu amadurecimento como ficcionista em O paroara (1899). Para tal propósito, situamos, de maneira crítica, o referido autor em sua conturbada época e espaço social: a Fortaleza da Belle Époque. A pesquisa dividiu-se em três capítulos: o primeiro relacionou o escritor ao contexto em que está inserida a sua obra ficcional, além do estudo de seu campo intelectual e literário; no segundo, o estudo da dinâmica dos processos de leitura e desleitura e, no terceiro capítulo, como ocorreu a construção do estilo naturalista-regionalista de Rodolfo Teófilo. Ele realizou uma desapropriação poética da escola naturalista e atingiu uma escritura singular, recriando o regionalismo, tornando-se precursor da chamada Literatura das secas. Bolsa: FUNCAP.

Disponível em: PINHEIRO, C.R. 2011_UFC


TESE: Rodolfo Teófilo polemista: a crítica polêmica como estratégia de glorificação literária.
Local: Programa de Pós-Graduação em Letras - UFC.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva.
Resumo: A presente pesquisa investigou as polêmicas literárias de Rodolfo Teófilo, enfatizando os textos críticos publicados na imprensa cearense, como estratégias para atingir a glorificação literária. O escritor confrontou Adolfo Caminha, José Veríssimo, Rodrigues de Carvalho, Gomes de Matos, Osório Duque Estrada e Meton de Alencar em textos estampados em diversos periódicos, posteriormente reunidos na obra Os meus zoilos (1924). O livro dialoga intensamente com os debates da inteligência nacional do final do século XIX, os quais revelam tensões entre vários centros literários, tais como o Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza. O escritor integra uma tradição de polemistas brasileiros, a qual teve como importantes representantes José de Alencar e Silvio Romero. Bolsa: CAPES-DS.
Disponível em: PINHEIRO, C.R. 2019_UFC


Portfólio Acadêmico e literário: Portfólio - Charles