sábado, 30 de janeiro de 2016

À espera dos bárbaros - Konstantinos Kaváfis



























O que esperamos na ágora reunidos?

      É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

      É que os bárbaros chegam hoje.
      Que leis hão de fazer os senadores?
      Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

      É que os bárbaros chegam hoje.
      O nosso imperador conta saudar
      o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
      um pergaminho no qual estão escritos
      muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?

      É que os bárbaros chegam hoje,
      tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

      É que os bárbaros chegam hoje
      e aborrecem arengas, eloqüências.

Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

      Porque é já noite, os bárbaros não vêm
      e gente recém-chegada das fronteiras
      diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

Tradução José Paulo Paes

Trechos 'Dos canibais", por Michel de Montaigne

MONTAIGNE, Michel. “Capítulo XXXI: Dos Canibais”. In: Ensaios. 1ª. Edição. Os Pensadores. Volume XI. São Paulo: Abril, 1972.


"Penso que há mais barbárie em comer um homem vivo que morto, dilacerar com tormentos e martírios um corpo ainda cheio de vitalidade, assá-lo lentamente e arrojá-lo aos cães e aos porcos, que o mordem e martirizam (como vimos recentemente, e não lemos, entre vizinhos e concidadãos, e não entre antigos inimigos, e, o que é pior, sob pretexto de piedade e de religião) que em o assar e comer depois de morto".



"Voltando ao meu assunto, creio que não há nada de bárbaro ou de selvagem nessa nação, a julgar pelo que me foi referido; sucede, porém, que classificamos de barbárie o que é alheio aos nossos costumes; dir-se-ia que não temos da verdade e da razão outro ponto de referência que o exemplo e a ideia das opiniões e usos do país a que pertencemos. Neste, a religião é sempre perfeita, perfeito o governo, perfeito e irrepreensível o uso de todas as coisas. Aqueles povos são selvagens na medida em que chamamos selvagens aos frutos que a natureza germina e espontaneamente produz; na verdade, melhor deveríamos chamar selvagens aos que alteramos por nosso artifício e desviamos da ordem comum. Nos primeiros, as verdades são vivas e vigorosas, e as virtudes e propriedades mais úteis e naturais do que nos últimos, virtudes e propriedades que nós abastar damos e acomodamos ao prazer do nosso gosto corrompido. E, todavia, em diversos frutos daquelas regiões, que se desenvolvem sem cultivo, o sabor e a delicadeza são excelentes ao gosto, comparando-os com os nossos."

Indicações de leitura sobre Entre-lugar e Cultura

Sobre a última aula do Curso, o artigo discutido do crítico e escritor Silviano Santiago, “O entre-lugar do discurso latino-americano” 
cujo link para leitura: https://goo.gl/jEa8Oq
É um excelente e instigante texto para auxiliar o estudo sobre a problemática literária em relação entre a "Metrópole" e a "província", entre autonomia e dependência cultural, debate pertinente aos estudos de História da Literatura e do Comparatismo.

Para aprofundar esse estudo, recomendamos a litura do livro Uma Literatura nos Trópicos. 2 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.



Outra recomendação importante é o do pensador Homi Bhabha (professor doutor “Anne F. Rothenberg” de Humanidades, diretor do Centro de Humanidades Mahindra, conselheiro sênior do presidente e reitor da Universidade Harvard, EUA) o seu livro O local da Cultura.

Homi K. Bhabha. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. – 2. ed. – Belo Horizonte : Editora UFMG, 2013.

A seguir, um trecho do livro disponibilizado pelo site da Livraria cultura.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Novo espaço para o 8 Encontro do Curso de Literatura Cearense

Olá, caros alunos e alunas.
Desde ontem, a Biblioteca está sem energia, devido a uma manutenção elétrica.
Então, o nosso encontro de hoje ocorrerá em uma sala do Bloco Didático do Curso de Letras, que é o prédio que fica em frente à entrada da Biblioteca de Ciências Humanas.
Podem se dirigir diretamente para lá.
Até mais.
Professor Charles Ribeiro

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sobre o adiamento da Aula do dia 14 de Janeiro

Olá, sobre o adiamento do Curso de Extensão em Literatura Cearense.
Para aqueles que compareceram hoje à Biblioteca, infelizmente não tivemos o encontro devido a um contratempo em virtude da reforma da Biblioteca. A diretora estava ciente do contratempo e enviarei uma mensagem com uma reclamação formal.
Já enviei um e-mail a vocês detalhando mais o ocorrido.
Espero agora, resolver com vocês a reposição da aula.
Sei que todos têm atividades distintas, tanto acadêmicas, quanto de trabalho, e esperamos chegar uma solução que contemple a todos.
Peço que  me indiquem a disponibilidade de vocês no período da tarde no outros dias da semana.
Faço a seguinte proposta - qual seria o ideal para repor a aula: realizar dois encontros numa semana, na semana que vem ou na outra; ou passar a aula para a semana seguinte, levando o Curso a ser concluído na semana posterior (a última aula seria no dia 04 de fevereiro, ser for para o dia 11, é a quinta após a quarta feira de cinzas)?
Independente da solução a ser acertada, a aula de hoje foi abonada para todos, e se caso a aula for marcada em outro dia da semana, o aluno que não comparecer não receberá falta.
Então aguardo a resposta de vocês.
Mais uma vez, peço desculpas pelo ocorrido.
Charles

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

História cosmológica do boi - Poeta de Meia-Tigela


O poema formado por quatro sonetos,  "História cosmológica do boi", foi publicado no livro Memorial de Bárbara de Alencar e outros poemas (2008). O poema é constituído por quatro quadros que apresentam narrativas míticas e históricas sobre bois, que atravessaram eras e se entraram na pele e no coração das pessoas. São imagens poéticas que unem, no tempo e espaço, o arcaico e o pop, o folclórico e o religioso, o ocidente o o oriente, o nordeste e o estrangeiro, um rico dialogo de tradições.


HISTÓRIA COSMOLÓGICA DO BOI 

Para Rosemberg Cariry

O Boi quem não viu,
Não sabe o que é bom.
Melhor que bombril,
Melhor que bombom.

l. O BOI ORIGINAL

No princípio dos tempos, Arimã
Não dominava tudo com Seu Mal.
Mas logo procurou difundir Caos
Matando o Homem Perfeito e à Terra sã.

Esse malvado amigo de Satã
Deu fim mesmo no Boi Original.
Nem grão de açúcar nem pedra de sal,
Ninguém restou, adeus linda manhã.

Opa, aguardem que o Bem já se revolta
Prometendo estar em breve de volta,
Do Boi salvando os restos, o cadáver.

Donde nascerão belas Terras outras
E homens bonitos como Jão Travolta,
Mulheres maravilhas, Avas Gardners.

O Poeta de Meia-Tigela


O Poeta de Meia-Tigela (Alves de Aquino), natural de Fortaleza CE, 1974, participou em 2007, da Antologia Massanova – Poesia Contemporânea Brasileira. É autor de: Memorial Bárbara de Alencar & Outros Poemas (2008); Concerto Nº 1nico em Mim Maior Para Palavra e Orquestra. Poema: Combinação de Realidades Puramente Imaginárias [Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2010]; Mutirão; Expressão Gráfica e Editora [2014] MiravilhaLiriai O Campo dos Olhos [Confraria do Vento, 2015]. 

Sobre a sua condição poética, assim ele se expressa:

Tigelimerick

Era um Poeta só de Meia-
Tigela: bem se lhe nomeia
Talvez até nem
Tivesse também
Essa metade — meio-Meia





A outra metade da tigela somos nós, os leitores.

Franklin Távora - Literatura do Norte


Polêmica instaurada no prefácio de O Cabeleira (1876), no qual Franklin Távora, postula uma existência de uma literatura do Norte e outra do Sul, visto que ele defende que a do Norte é mais autêntica:

"As letras têm, como a política, um certo caráter geográfico; mais no Norte, porém, do que no Sul abundam os elementos para a formação de uma literatura propriamente brasileira, filha da terra. A razão é óbvia: o Norte ainda não foi invadido como está sendo o Sul de dia em dia pelo estrangeiro. A feição primitiva, unicamente modificada pela cultura que as raças, as índoles, e os costumes recebem dos tempos ou do progresso, pode-se afirmar que ainda se conserva ali em sua pureza, em sua genuína expressão".

Benção Paterna - José de Alencar


Trecho final do texto “Benção Paterna”, prefácio do romance Sonhos d’Ouro (1872), de José de Alencar. Questionamento importante sobre a dependência, autonomia e o uso de estéticas estrangeiras na literatura brasileira.

“O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”


O contista Moreira Campos


O escritor dividiu seus livros de contos em duas “fases”: a das "narrativas mais longas" e a “dos contos breves, resumidos”, que foi, segundo ele, “a linha” adotada posteriormente a Vidas Marginais (1949) e Portas Fechadas (1957)”. Nessa perspectiva, foram publicados: As Vozes do Morto (1963); O Puxador de Terço (1969); Contos Escolhidos (1971); Contos (1978); Os Doze Parafusos (1978); 10 Contos Escolhidos (1981), A Grande Mosca no Copo de Leite (1985) e Dizem que os cães vêem coisas (1987). Foram um total de seis publicações e quatro republicações de contos. 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Trecho de A normalista: Literatura cearense

Trecho A normalista, Adolfo Caminha

O Perneta, sujeito pretensioso e pernóstico, metido a literato, falando sempre com certo ar dogmático, ventilou uma questão de literatura cearense — Que não tínhamos poetas, disse; o que havia era uma troça de malandros e de pedantes muito bestas, que escrevinhavam para a Província coisas tão ruins que até faziam vergonha aos manes do glorioso José de Alencar; uma súcia de imitadores que se limitavam a copiar os jornais da Corte.  
Na sua opinião o Ceará só possuía um poeta verdadeiramente inspirado — era Barbosa de Freitas. Esse sim, cantava o que sentia em versos magistrais, dignos de Victor Hugo.
 Conhecera-o pessoalmente. Um boêmio! Fazia gosto ouvi-lo. Que eloqüência, que verve, que talento! Sabia de cor muitas poesias dele, mas nenhuma se comparava ao Êxtase, “esse poema de amor” que valia por todas as poesias de Juvenal Galeno.

A normalista

Araripe Júnior, sobre A normalista (1893), de Adolfo Caminha:

“Quem quiser conhecer a cidade de Fortaleza e intoxicar-se um pouco com a barbaria semi-civilizada de uma capital provinciana, onde reina o babismo em todo o seu furor, não tem mais do que abrir o livro de Adolfo Caminha e entregar-se à leitura de suas páginas sem preocupação de crítico. Reproduzo o que escrevi algures. Enquanto se lêem aquelas páginas, vive-se um pouco no Ceará. Os acidentes físicos estão todos nos seus lugares. As ruas principais da cidade, o Passeio Público, o Trilho, o Pajeú, o Mucuripe, surgem aqui, ali, sugestivos e pitorescos. Os aspectos particulares dos costumes cearenses confundem-se a todo instante com a ação do romance.”

JUNIOR, Araripe. “Movimento literário do ano de 1893”. In: Obra crítica de Araripe Júnior. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, Casa de Rui Barbosa, 1863. v. III. p. 171. 

Adolfo Caminha por Sânzio de Azevedo

Breve biografia de Adolfo Caminha por Sânzio de Azevedo

Nascido no Aracati, em 29 de maio de 1867, e tendo falecido no Rio de Janeiro, no primeiro dia do ano de 1897, com menos de 30 anos de idade, Adolfo Caminha foi durante sua breve existência o que foi no melhor de sua obra de escritor: um revoltado. Espírito profundamente inquieto e temperamento extremamente impulsivo, era aluno da Escola Naval, no Rio, quando, na presença do Imperador, não hesitou em fazer a apologia do regime republicano, por ocasião de uma homenagem póstuma a Vítor Hugo. Já oficial de Marinha, publica um conto em que faz questão de descrever a desumanidade dos castigos corporais, em voga nos navios de guerra, àquela época. Voltaria ao assunto, com a mesma veemência, num livro de viagem, No País dos Ianques (1894) e no romance Bom-Crioulo (1895). Transferido para o Ceará, um escândalo amoroso fê-lo malvisto na pequena Fortaleza da década de oitenta. Intimado a abandonar a Província, por ordem de seus superiores, o que termina abandonando é a carreira das armas, indo ocupar um modesto cargo de funcionário civil na Tesouraria da Fazenda. Na Capital do País, para onde logo se muda, haveria de publicar A Normalista (1893), seu mais famoso romance, onde, como num desabafo, põe à mostra todas as baixezas e podridões da sociedade que o repudiou, chegando mesmo a fazer a caricatura de alguns figurões com os quais se desaviera. Tentaria também vingar-se da corporação a que pertencera, através das páginas do Bom-Crioulo, uma triste história de marinheiros, na qual se conta um caso de homossexualismo, e onde, como foi dito, reaparece o tema dos castigos corporais, como se a vida da Marinha fosse apenas esse lado negro, a que seu grande talento empresta cores ainda mais sombrias.
Sânzio de Azevedo, em Falas Acadêmicas, Academia Cearense de letras.

Pedro Salgueiro. “O escritor de província”


Pedro Salgueiro. Conto: “O escritor de província”
Árdua e ambiciosa missão de Paul Morrison S. Rosa, a pedido de seu pai, no leito de morte:

 “- vá para o meio do mundo e seja o que seu pai não conseguiu... seja um intelectual”. Será que ele conseguiu?


Fortaleza Voadora


Ana Miranda sobre o livro "Fortaleza voadora", de Pedro Salgueiro

Fortaleza voadora, a expressão que dá título a este livro de crônicas, tem pelo menos dois sentidos. O primeiro refere-se ao pesado avião bombardeiro norte-americano que, durante a Segunda Guerra Mundial, pousava e decolava no campo do Pici, onde ficava uma das bases aéreas do Ceará, aberta aos aliados. O segundo sugere a palavra popular, local, de tom burlesco: voador significando distraído, e, por extensão, otário. Bem de acordo com nosso Pedro Salgueiro, que guarda em si a tradição dos dichos, da jocosidade, da graçola, da sátira cearense. Nascido na cidade sertaneja de Tamboril, que visitei recentemente, Pedro carrega, ainda, uma ironia devastadora, e cultiva uma hostilidade atilada contra o lirismo, o traço poético, ou a linguagem beletrista. Ele é seco, de pedra, feito aquelas paisagens de caatinga, no verão, ou os estampidos de armas de fogo que ressoam pela recordação sertaneja. Fortaleza, para Pedro Salgueiro, é a cidade madrasta. Quando mudou-se do sertão dos Inhamuns para residir na capital, ele sentiu a perda do paraíso. Acabara-se a infância, a liberdade das ruas e quintais interioranos, as brincadeiras soltas. Portanto, sua relação com a cidade é contraditória. Vai do ódio agourento, como vejo na primeira das crônicas deste livro, ao amor mais bucólico e radiante, presente em “Da memória dos relógios”, que fecha este volume com um sentimento de nostalgia. A saudade, aliás, é um dos afetos do nosso autor, que, no entanto, dosa qualquer doçura com um toque ranzinza e divertido.
[http://www.jornaldepoesia.jor.br/psalgueiro.html]

Contista Pedro Salgueiro

Pedro Salgueiro nasceu no Ceará (Tamboril, 1964). Publicou O Peso do Morto (1995), O Espantalho (1996), Brincar com Armas (2000), Dos Valores do Inimigo (2005) e Inimigos (2007), de contos; além de Fortaleza Voadora (2007), de crônicas. Edita, em parceria, as revistas Caos Portátil e Para Mamíferos. Organizou as coletâneas Almanaque de Contos Cearense (1997) e O Cravo Roxo do Diabo: o conto fantástico no Ceará (2011).

Otto Maria Carpeaux: "A literatura não existe no ar"


Otto Maria Carpeaux nos ensina que a literatura como sistema faz parte de outro sistema maior, a civilização:

“A literatura não existe no ar, e sim no Tempo, no Tempo histórico, que obedece ao seu próprio ritmo dialético. A literatura não deixará de refletir esse ritmo – refletir, mas não acompanhar. Cumpre fazer essa distinção algo sutil para evitar aquele erro de transformar a literatura em mero documento das situações e transições sociais. A repercussão imediata dos acontecimentos políticos na literatura não vai muito além da superfície, e quanto aos efeitos da situação social dos escritores sobre a sua atividade literária será preciso distinguir nitidamente entre as classes da sociedade e as correspondentes “classes literárias”. A relação entre literatura e sociedade – eis o terceiro problema – não é mera dependência: é uma relação complicada, de dependência recíproca e interdependência dos fatores espirituais (ideológicos e estilísticos) e dos fatores materiais (estrutura social e econômica)” (2011, p. 39).

CARPEAUX, O. M. Introdução. In: CARPEAUX, O. M. História da Literatura Ocidental. São Paulo: LeYa, 2011.

Akira Kurosawa Sonho 5 "corvos" - Diálogo com Van Gogh


No belo filme do cineasta japonês, Akira Kurosawa, Sonhos (1990),  EUA/Japão, organizado em torno de 8 narrativas ou "sonhos'. No 5º sonho, intitulado ‘Corvos”, um estudante de artes, ao contemplar os quadros de Van Gogh em um museu, entra neles e tentar seguir o pintor. O jovem consegue encontrá-lo e tem um intenso dialogo com o artista, mas o perde de vista em meio dos trigais da pintura “Campo de trigo com corvos”. Essa pequena e arrebatadora peça audiovisual de Kurosawa nos permite refletir sobre os múltiplos aspectos da arte, principalmente a relação entre a obra e o leitor/expectador, no momento da ‘leitura’, ou seja, no momento de sua fruição estética, no qual reescrevemos a obra de arte a partir de nossa imaginação. No trecho do filme, Van Gogh é interpretado pelo cineasta Martin Scorsese. Fica o convite para que todos assistam o filme Sonhos, de Kurosawa.



Sonhos (PT/BR)
Japão/Estados Unidos
1990 •  cor •  119 min 
Direção-Akira Kurosawa
Roteiro:Akira Kurosawa
Elenco:
Akira Terao
Mitsuko Baisho
Toshie Negishi
Martin Scorsese
Gênero:drama/fantasia
Idioma:japonês