quinta-feira, 26 de outubro de 2017

PARABÉLUM, 40 ANOS




Por Lídia Barroso Gomes
 Após quatro da publicação do seu livro de estreia, Pluralia Tantum (1973), Gilmar de Carvalho lançou a primeira edição de Parabélum, obra considerada pelo próprio escritor como umas das mais importantes de sua trajetória na escrita ficcional. Como enredo do romance, encontramos a história de um herói ou libertador que é anunciado ora através de profecias do Antigo Testamento, ora com passagens dos Evangelhos do Novo Testamento. O herói de Parabélum também é uma tessitura das histórias da tradição popular e de outros personagens históricos como Cristo, Lampião e Che Guevara. Identifica-se ainda com J. Matias Fernandes, “dono talvez, do primeiro bordel homossexual de Fortaleza que ficava em Parangaba” (In: “Vida e arte”. O Povo. 06 de setembro de 1997. p. 5 B). Para Gilmar de Carvalho, a estrutura do livro pode ser entendida em três partes: a) releitura do Evangelho; b) recriação da linguagem de cordel; c) uma adoção de referências da América Latina (idem, ibidem). Parabélum também foi marcado pelo cinema de Godard, de Glauber Rocha e pelo Tropicalismo.

O livro foi escrito nos finais de semanas, entre 1975 a 1977. Antes de ser publicado, Parabélum foi lido por Joan Dassin, uma brasilianista que passava por Fortaleza, que leu e sugeriu alguns cortes no texto. A primeira capa do livro foi uma criação de José Capelo, o Pepe.
A escritura e a publicação de Parabélum se deram num momento em que a História do Brasil foi marcada por uma série de crises política, econômica, ideológica e cultural. Como é sabido, na década de setenta, o país ainda estava sob o regime da ditadura militar instaurada desde o golpe de 1964. Segundo Gilmar de Carvalho, o primeiro nome do livro, antes da primeira edição, foi Intentona: um projeto de romance pop porque “trazia o conceito que reforçava a experimentação de Parabélum. A palavra intentona era associada à tentativa comunista de chegar ao poder” (Trecho extraído de correspondência minha com o escritor).
Parabélum foi lançado, oficialmente, no dia 15 de julho de 1977, no Simwal Arte às 20:30h em Fortaleza. Outras duas datas também marcaram o lançamento do livro: 24 de agosto de 1977, às 20h, no Auditório da UVA em Sobral, cidade onde nasceu o escritor; e o relançamento em 21 de setembro do mesmo ano no Instituto de Arquitetos do Brasil, noite de autógrafos ao som do show de Lúcio Ricardo (violão e voz) e Batista Sena (flauta).
Em 2009, Parabélum foi reeditado pela editora Armazém da Cultura, em Fortaleza, contendo a última frase “não editou o AI-5”, que havia sido cortada na primeira edição, devido o risco de ser confiscado pela censura.

Um comentário:

  1. Parabelum maravilhoso e o primeiro Pluralia Tantum idem. Dir-se-ia que naqueles anos a literatura cearense "bombava", principalmente nas páginas do jornal O POVO com textos, entrevistas e resenhas criticas de Gilmar de Carvalho, Carlos Emilio e outros numa ágina se não me falaha a memória soba a chacela de Rogaciano Leite Filho!!!

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