Prof.
Doutorando Charles Ribeiro Pinheiro (UFC);
Prof. Dr. Wesclei Ribeiro da
Cunha (UFC);
Prof.ª Mestranda Lídia Barroso
Gomes (UFC);
Orientação:
Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva
EMENTA: As múltiplas experiências do homem nos espaços urbanos, a partir da Revolução industrial, gradativamente, suscitaram inúmeras representações literárias. A cidade serviu não apenas de cenário, mas como personagem relevante em várias narrativas ficcionais, além de tema de muitas composições líricas. Na interpretação do escritor Italo Calvino, ela é “símbolo complexo capaz de exprimir a tensão entre racionalidade geométrica e o emaranhado de existências humanas” (1990, p. 85). Calvino, em Cidades Invisíveis, nos tece uma magnífica cartografia poética, na qual a cidade simplesmente não “conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras” (1990, p. 14-15). Ao aprender a lição de Calvino, nos voltamos para os textos literários que não tratam unicamente dos aspectos materiais da paisagem urbana, mas da cidade no papel, vista como um objeto linguístico e artístico de construção coletiva, ou seja, histórica e social, sobretudo, afetiva e simbólica. A cidade que escolhemos para o nosso debate é Fortaleza. De uma pequena vila que cresceu ao lado do Forte de Nossa Senhora da Assunção (1812), ela se tornou uma das maiores capitais do Brasil. Progrediu efetivamente em virtude da exportação de algodão para a Inglaterra, durante as décadas de 1860-1870, desenvolvendo-se materialmente, convertendo a Praça do Ferreira como centro econômico, político e cultural da capital. No século XX, as drásticas reformulações e expansões urbanas não afastaram os graves contrastes sociais que existiam e ainda existem. Como cidade de tensões, paradoxalmente, “Terra da Luz” e da barbárie, é palco ideal para os cantos de amor e de ódio, de louvores e de denúncias. Portanto, o objetivo de nosso GT é promover debates acerca das representações artísticas de Fortaleza, em variados gêneros literários, observando-a nos seus variados aspectos formais: a cidade como cenário, como tema, como personagem, como alegoria, enfim como evento desencadeador da recriação poética. O nosso Grupo de Trabalho parte de uma perspectiva da Historiografia literária e da Literatura comparada, mas é de caráter interdisciplinar, visto que a cidade é assunto estudado pelas Humanidades. No entanto, privilegiaremos os trabalhos que tenham como objeto de investigação o texto literário. Da Fortaleza escrita em verso e prosa, trabalharemos com uma ampla gama de imagens e temas: como musa para variados poetas; como “madrasta” de acordo com Pedro Salgueiro (2006); de “ruas tão alinhadas como os versos de um soneto!”, para Arthur Eduardo Benevides, às periferias das ‘areias’, nas peças de Eduardo Campos; como palco do cotidiano urbano; como cidade das secas; como retrato da hipocrisia e dos vícios; da denúncia social em Aldeota (1963), de Jader de Carvalho, do Ceará moleque da Padaria Espiritual, em Araripe Júnior; dos talentosos cronistas; das “velas” do Mucuripe. Como fundamentação teórica, além de Italo Calvino (1990), nos apoiamos em Dominique Maingueneau (2001), Pierre Bourdieu (1996); Charles Baudelaire (1869), Walter Benjamin (1989); José Ramos Tinhorão (1966); Sebastião Rogério Ponte (2001); Eduardo Campos (1988) e (1985); Caterina Maria de Saboya Oliveira (2000) e Raimundo Girão (1979) e (1983). Esta proposta de GT está vinculada ao projeto de extensão “O entre-lugar na literatura cearense”, que visa ao fomento da leitura, à divulgação e ao auxílio na formação de pesquisadores na área de literatura cearense.
Página do evento:14 Encontro Interdisciplinar
Inscrições e Normas em: Normas Inscrição
Preços e Datas: https://goo.gl/C73tZf
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