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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Livro "Violência" de Rodolfo Teófilo

 


Rodolfo Teófilo foi um grande opositor do Governo Accioly (1896-1912) e por conta de sua luta política, sofreu muitas perseguições, sendo uma das mais arbitrárias a sua demissão do Liceu do Ceará. Desde o início do século XX, o Presidente do Estado e seus asseclas perseguem Teófilo devido a sua companha de vacinação contra varíola, em contraposição do descaso do governo estadual em relação à peste.

Rodolfo Teófilo atuou desde 1889, na Escola Normal como professor de ciências naturais. Em 1890, passa a integrar o corpo docente do Liceu, nas disciplinas de Mineralogia, Geografia e Meteorologia. Em 1905, o Presidente do Estado, Nogueira Accioly, decreta a extinção da cadeira de mineralogia e designa Teófilo para a de Lógica. Como se negou a assumir a disciplina, foi demitido de seu cargo vitalício. Indignado contra o que considerou um ato de “violência” pelo seu desafeto político, começa a publicar no “Jornal do Ceará”, a partir de 1905, uma série de artigos contra a falsa reforma. Ainda em 1905, reúne os artigos e lança o livro “Violência”.

Eis alguns trechos do livro:

“O meu crime vem da publicação a meu livro Secas do Ceará em que tratando das administrações que tem tido o estado durante as secas, tive o atrevimento de criticar, com muita benevolência, é verdade, a passada administração do atual presidente do estado. [...] Violar a lei para tomar uma vindicta não é só um crime, é uma iniquidade! [...]Foi por ter tido a coragem de dizer, essa verdade suprema, que fui condenado a perder a cadeira de professor do Liceu do Ceará. Não hesitou o sr. presidente do estado em cometer o grande atentado contra a lei demitindo um funcionário vitalício. Esqueceu-se de que a violência é a norma de conduta dos governos fracos. [...] O sr. presidente do estado com seu ato arbitrário não atentou somente contra meu direito, mas contra os direitos de todos os cearense” (TEÓFILO, 1905. p. 55-67).

A edição fac-similar da foto foi publicada em 2005 pela Coleção do Museu do Ceará, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, com prefácio da historiadora Adelaide Gonçalves.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Um clássico historiográfico: Fortaleza Belle Époque”

 


Esse clássico da historiografia cearense foi muito importante para a minha formação como pesquisador de literatura cearense. A obra “Fortaleza Belle Époque”, do professor e historiador Sebastião Rogério Ponte, primeira edição de 1993, é resultado de sua dissertação de mestrado sobre a disciplinarização dos corpos e as remodelações urbanas na cidade de Fortaleza, entre a passagem do século XIX às três primeiras décadas do século XX. Foi crucial para a minha pesquisa sobre Rodolfo Teófilo, que auxiliou o entendimento de seu conturbado contexto. Na foto, seguro a 1ª edição, de capa branca, e a 3ª, de 2001, ambas pela Fundação Demócrito Rocha.

“Fortaleza Belle Époque, do historiador Sebastião Rogério Ponte, analisa o processo de remodelação urbana e disciplinarização social por que passou a capital cearense entre o final do século XIX e primeiras décadas do século XX. Neste estudo inovador e denso de informações, o autor mostra como essa ordenação sócio-urbana constituiu-se, na cidade, por meios de projetos de embelezamento espacial, campanhas de higienização física e moral da população, imposição de novos padrões europeizados de condutas públicas e privadas, asilamento de mendigos e doentes mentais, e práticas policiais de controle das camadas pobres. A obra contempla, ainda, a sátira, o deboche e a irreverência como formas de resistência popular contra as cotidianas tentativas dos poderes e saberes locais em disciplinar a sociedade.”

O livro pode ser adquirido no site da Livraria Dummar, no link


Se na biblioteca escolar, universitária ou comunitária de vocês existir um exemplar desse livro, não deixem passar a oportunidade de lê-la. Para além de uma leitura, é uma excelente aula de história de Fortaleza. Não percam!







quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Inscrições encerradas Curso A fome 130 anos: Rodolfo Teófilo romancista

INSCRIÇÕES ENCERRADAS. Olá, muito obrigado por seu interesse, mas, infelizmente, as inscrições foram encerradas, devido à grande procura. Mas não desanime, o Curso é uma parte da Campanha Cultural "A Fome-130 anos: Rodolfo Teófilo Romancista" que ocorrerá na forma de ocupação digital, durante o mês de dezembro e janeiro de 2021, por meio de produção de postagens, vídeos, uma videoconferência e um almanaque gratuito em forma de ebook (de autoria de Charles Ribeiro Pinheiro e arte por Luís XIII), , que se utiliza da linguagem visual das histórias em quadrinhos, como forma de ampliar a divulgação do referido romance e as demais obras ficcionais de Rodolfo Teófilo.

O Curso, ministrado pelo Prof. Dr. Charles Ribeiro Pinheiro, consistirá em cinco encontros virtuais que abordarão questões interessantes e relevantes do romance A fome, ressaltando Rodolfo Teófilo como um escritor-leitor, ao investigar as leituras que formaram a sua cosmovisão cientificista, assim como a construção de seu estilo naturalista-regionalista, cuja obra ficcional o tornou o precursor da chamada "Literatura das secas".
O Curso ocorrerá virtualmente por meio da plataforma Meet (google), nos dias 28 e 30 de dezembro de 2020; 04, 06 e 11 de janeiro 2021, no horário de 18h às 19h.
Acompanhe as Redes sociais e canais da Campanha para saber mais sobre o escritor Rodolfo Teófilo, suas obras ficcionais, e sobre Literatura Cearense. Todas as divulgações ocorrerão por meio delas. Em janeiro, será publicado gratuitamente um Almanaque digital sobre Rodolfo Teófilo. Não Perca!

"Este Projeto é fomentado com recursos da Lei 14.017/2020 - Lei Aldir Blanc - por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza".
Acompanhe:
Instagram: https://www.instagram.com/prof.charles.ribeiro.pinheiro/...
Facebook: https://www.facebook.com/prof.charles.ribeiro.pinheiro
Informações: entrelugar.literaturacearense@gmail.com





INSCRIÇÕES ABERTAS! O Curso "A Fome-130 anos: Rodolfo Teófilo Romancista"


 INSCRIÇÕES ABERTAS! O Curso "A Fome-130 anos: Rodolfo Teófilo Romancista" tem por objetivo homenagear os 130 anos de publicação do polêmico romance "A Fome" (1890), um dos responsáveis pela construção da tradição dos romances da seca na literatura brasileira. O Curso faz parte da campanha cultural que ocorrerá na forma de ocupação digital, durante o mês de dezembro e janeiro de 2021, por meio de produção de postagens, vídeos, uma videoconferência e um almanaque gratuito em forma de ebook (de autoria de Charles Ribeiro Pinheiro e arte por Luís XIII), que se utiliza da linguagem visual das histórias em quadrinhos, como forma de ampliar a divulgação do referido romance e as demais obras ficcionais de Rodolfo Teófilo.

O Curso, ministrado pelo Prof. Dr. Charles Ribeiro Pinheiro, consistirá em cinco encontros virtuais que abordarão questões interessantes e relevantes do romance A fome, ressaltando Rodolfo Teófilo como um escritor-leitor, ao investigar as leituras que formaram a sua cosmovisão cientificista, assim como a construção de seu estilo naturalista-regionalista, cuja obra ficcional o tornou o precursor da chamada "Literatura das secas".

O Curso ocorrerá virtualmente por meio da plataforma Meet (google), nos dias 28 e 30 de dezembro de 2020; 04, 06 e 11 de janeiro 2021, no horário de 18h às 19h.

Público alvo: alunos de graduação ou graduados em Letras e, além dos Cursos de Ciências Humanas, demais interessados em Literatura Cearense.

Não perca essa oportunidade!

"Este Projeto é fomentado com recursos da Lei 14.017/2020 - Lei Aldir Blanc - por meio da secretaria municipal da cultura de Fortaleza".

Inscrições por meio do link:  https://forms.gle/oM1TLnm8J2EtehvA6

Página do Curso: https://caminhosdapesquisaliteraria.webnode.com/a-fome-130-anos/

Informações:  entrelugar.literaturacearense@gmail.com

Instagram:  @prof.charles.ribeiro.pinheiro

Twitter: @Charles_Rib_82

Facebook: https://www.facebook.com/prof.charles.ribeiro.pinheiro




sexta-feira, 23 de outubro de 2020

A minha primeira onda

 


Não me lembro da primeira vez que vi o mar, pois morava há uns duzentos metros da praia do Mucuripe e uns dois quilômetros da Praia do Futuro. Quando abri os olhos para a existência, portanto, ele já estava lá, tão antigo quanto o mundo. Do meu bairro, situado no alto de uma duna ancestral de Fortaleza, era só andar um pouco que se podia avistar o verde mar, que alimentou meus avós e meus pais. O mar era o meu quintal d’água.

Então, desde criancinha, ia sempre à praia. Porém, da primeira vez que entrei sozinho no mar e fui surpreendido, nunca esqueci. Foi um misto de emoções: contemplação, susto e medo.

Tinha oito anos e eram férias escolares. Desci com os meus pais até a Praia do Futuro. O Oceano Atlântico me surpreendeu com sua beleza, sua incrível extensão de água verde, com ondas brancas que rolavam até onde os meus olhos podiam ver, sob um céu claro e um sol de verão, brilhante e quente, cujos raios de luz eram afiados como canivetes.

Fiquei encantado com a visão e o som daquelas ondas sem fim e mal podia esperar para entrar na água. A princípio não fiquei com medo, como muitas crianças que ficavam a se deparar com aquele pedaço de infinito. Era como se me chamasse. Meus pais distraídos não me viram largar as sandálias na areia e correr freneticamente em direção ao mar.

Ninguém me avisou sobre o poder colossal de uma onda. Antes que eu soubesse o que tinha acontecido, fui atacado por uma parede de água em movimento e arremessado contra parte rasa da areia molhada. Sentei-me cuspindo e tossindo água salgada que passava ardendo em minha boca e nariz. Minha testa e meus braços estavam avermelhados e arranhados. Veloz como uma albatroz, a minha mãe veio em meu socorro e me levou para a faixa de areia. Fiquei magoado, chocado e, sobretudo, muito confuso.

Claro que tive medo de entrar no mar novamente. Sentei-me no raso e fiquei, ainda chateado, encarando as ondas. Olhava tudo: o horizonte, os surfistas singrando as águas, as pessoas nadando, as crianças brincando, os navios ao longe. Mesmo criança, assustado e atento, com o tempo, fui lendo as cadências das ondas, onde elas eram maiores, onde quebravam, o intervalo de uma onda a outra. Uma hora depois, para não desperdiçar aquela manhã de domingo, entrei no mar novamente, mas com os meus pais. Prevenido, o mar não me pegava mais. O medo cedeu lugar ao divertimento. E eu estava fazendo as pazes com ele, selando uma amizade duradoura.

Esse episódio, na Praia do Futuro, me marcou profundamente e me trouxe uma rica lição. A vida é como o mar. Em um minuto, estamos vadeando em águas pacíficas e, no momento seguinte, somos atingidos por uma onda poderosa que nos derruba. Às vezes, a onda estava lá, vindo em nossa direção, mas não dávamos importância. Uma onda pode nos deixar atordoados e sem fôlego. Somos derrubados, atirados na areia ou puxados para baixo. E se o mar nos arrastar e nos afundar, lutamos para respirar e voltar a superfície. A vida como o mar é repleta de ondas de alegria, de prazer, de dor e de tristeza que fluem incessantemente. Contudo, devemos respeitá-lo na sua imensidão, mistério e imprevisibilidade. Se aprendermos a lê-lo, se acostumarmos com ele, tentando conhecer os seus meandros e, claro, se aprendermos a nadar e a saltar suas ondas, ou mesmo surfar, não será antagonista, mas nosso amigo.

Ele está lá todos os dias, esperando-me por meus pés sobre suas águas e sentir a sua força infinita. A cadência perpétua do vasto mar traz essas ondas que fluem, ora calmas, ora agitadas. Perceber que a vida é um ciclo é importante, porque seremos constantemente gratos, visto que sempre haverá algo para ser grato, apesar das quedas e arranhões.

 


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A NORMALISTA – A ATUALIDADE DE UM ROMANCE POLÊMICO

Charles Ribeiro Pinheiro

Qual a relevância do romance “A normalista”, publicado em 1893, por Adolfo Caminha, escrito nos moldes do naturalismo, no qual retrata, implacavelmente, os vícios, as tramas, os dessabores, a bajulação política, as aparências sociais, a maledicência, o escárnio e a hipocrisia da sociedade de Fortaleza? Ao observar a sua estrutura narrativa e seus temas, percebemos que “A normalista” se insere na tradição dos romances que não servem apenas para o entretenimento, mas como forma de sensibilizar o leitor e de levá-lo a conhecer as intricadas relações sociais que são representadas no papel. A seguir, traçaremos um breve perfil do autor e discutiremos questões literárias e históricas expressivas acerca do polêmico romance.

O escritor, nascido no Ceará, em 1867, após perder a família durante a seca de 1877, parte para o Rio de Janeiro. Ingressou na Escola da Marinha, de onde saiu como oficial, aos vinte anos, em 1887. No ano seguinte, transferiu-se para Fortaleza, onde se apaixonou por Isabel Jataí de Paula Barros, esposa de um oficial do exército. O episódio causou escândalo em Fortaleza, forçando-o a pedir demissão da Marinha e assumir o compromisso com Isabel. 

Nos primeiros anos da década de 1890, tem uma intensa atividade jornalística na capital cearense. Em 1891, funda a “Revista Moderna” e, no ano seguinte, participou da primeira formação da Padaria Espiritual, irreverente grêmio literário e artístico formando na Praça do Ferreira, liderada por Antônio Sales. Em seguida, retorna com a família para o Rio de Janeiro, onde atuou na imprensa carioca. Acometido de tuberculose, faleceu em 1897, aos trinta anos. A sua obra não é vasta, porém é muito significativa. Após a publicação de um livro de poemas “Voos incertos” (1886) e um de novelas “Judite e Lágrimas de um crente”(1887), e do diário “No país dos Ianques” (1894), publicou as suas principais obras: ‘A normalista” (1893), “Bom Crioulo” (1895), “Cartas Literárias” (1895) e “Tentação” (1896).

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Bate-papo_A Normalista de Adolfo Caminha_Série bom Livro

 


Bate-papo sobre o romance “A Normalista” (1893), do escritor cearense Adolfo Caminha, com a participação do professor Charles Ribeiro Pinheiro, promovido pelo canal do Instagram @seriebomlivro, com a curadora do professor João Paulo Foschi, que realiza um importante trabalho de resgate da memória editorial dos clássicos da Literatura brasileira, publicados pela Editora Ática. Acompanhando a tradição dos romances de costumes, “A Normalista” é um dos mais polêmicos livros do naturalismo brasileiro, a realizar uma representação atroz da hipocrisia, da dominação masculina, da maledicência, da mesmice provinciana e da molecagem da cidade de Fortaleza, capital do Ceará, no final do século XIX. Bate-papo realizado no dia 18 de outubro de 2020, no ig

João Paulo Foschi, nascido em Crateús (CE), em 1980, possui formação acadêmica em Pedagogia e Letras (Francês), com pós-graduação na área de Semiótica e Literatura e mestrado em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará. Como ficcionista, publicou o romance “A condessa de Assis”. Idealizador e curador do projeto @seriebomlivro, no Instagram.
Charles Ribeiro Pinheiro é Professor de Literatura, graduado em Letras pela Universidade Federal do Ceará (2008). Mestre em Letras (2011) e Doutor em Literatura Comparada (2019), pela UFC, com pesquisas sobre Rodolfo Teófilo. Coordenador do projeto de extensão e docência “O entre-lugar na Literatura cearense” (2015-2018). Além de roteirista de quadrinhos, é autor de livros didáticos e conteudista de Literatura.

sábado, 10 de outubro de 2020

Bate-papo A normalista de Adolfo Caminha - Série Bom Livro

Não percam esse excelente bate-papo sobre o romance A Normalista (1893), do escritor cearense Adolfo Caminha. A Live conta com a participação do professor Charles Ribeiro Pinheiro e é promovida pelo canal @seriebomlivro que tem a curadora do professor João Paulo Foschi, que vem fazendo um importante trabalho de resgate da memória editorial dos clássicos da Literatura brasileira publicados pela Editora Ática. A Normalista é um dos mais polêmicos livros do naturalismo brasileiro, a realizar uma representação atroz da hipocrisia, do falso moralismo, da dominação masculina, da maledicência, da mesmice provinciana e da molecagem cearense da cidade de Fortaleza, Ceará, no final do século XIX. Não percam. É no próximo domingo, dia 18 de outubro.

https://www.instagram.com/seriebomlivro/?hl=pt-br

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Narradores de Javé: tensões e salvação pela palavra

 

“Narradores de Javé” é uma narrativa sobre narrativas. Lançado em 2003, com direção/roteiro de Eliane Caffé e roteiro de Luís Alberto de Abreu, conta com José Dumont; Gero Camilo; Rui Resende; Luci Pereira; Nélson Dantas; Nélson Xavier no elenco. É um dos filmes brasileiros mais premiados das últimas décadas, além de suscitar ricas e variadas possiblidades de interpretação.

O título do filme chama atenção por dois elementos essenciais de seu enredo: “Javé”, cenário da história, cidade pobre do interior da Bahia, que precisa ser salva de uma futura inundação, devido a construção de uma barragem hidroelétrica; e “narradores”, substantivo no plural, que corresponde aos habitantes dessa cidade, não apenas personagens, mas um conjunto dinâmico e polifônico de vozes, materializações efêmeras das experiências e histórias do povo. Portanto, o filme conta a luta de um povo para reconstituir a sua história, através da oralidade, para salvar a sua cidade da inundação.

O protagonista do filme é o próprio ato de narrar. Isso foi meticulosamente construído no roteiro de Caffé e Abreu. Quando nós narramos uma história, abrimos conexões. É assim que os humanos se comunicam desde o início dos tempos - contando histórias e nutrindo conexões. Contar histórias é universal e tão antigo quanto a humanidade. Antes de haver escrita, havia o ato de narrar. Ocorre em todas as culturas e em todas as épocas. Ela existe (e existiu) para entreter, informar, educar e promulgar tradições e valores culturais.

As pessoas, ao narrar histórias, dão forma as suas experiências e aos significados que essas experiências têm para suas vidas. Todas as culturas e sociedades também possuem suas próprias histórias sobre seu passado e seu presente e sobre sua visão do futuro. Essas narrativas incluem histórias de grandeza e heroísmo, ou de dor e sofrimento.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Rodolfo Teófilo - Romancista Cearense

 

Baiano por acidente e cearense de coração, farmacêutico e literato, Rodolfo Teófilo (1853-1932) foi uma figura de intensa atuação política e cultural durante a passagem do século XIX ao XX no Ceará. Intelectual engajado, foi um ferrenho opositor da oligarquia Accioly (1896-1912); além de denunciar o descaso do governo em relação às secas, participou ativamente da campanha abolicionista (1881-1883) e, contrariando os seus opositores, conseguiu erradicar a varíola do estado do Ceará (1900-1907). A singularidade do naturalismo literário de Rodolfo Teófilo acentua-se através da presença constante da “cor local“, cujo objetivo era fotografar a nossa época, os costumes, índole e civilização do nosso povo. O seu romance de estreia é A fome (1890), que narra, com um estilo cru e dantesco, os flagelos assustadores, acontecidos durante a grande seca de 1877-78. Rodolfo Teófilo subtitulou o livro como “cenas da seca do Ceará“ e é considerado um dos textos mais fortes da literatura brasileira. O livro é eivado de descrições cruas e exageradamente cientificistas dos retirantes agonizando e morrendo devido à fome e à epidemia de varíola que assolou a capital cearense. Foi na década de 1890, que Rodolfo Teófilo participou da famosa Padaria Espiritual, da qual foi o seu último padeiro-mor (presidente). Por meio dessa agremiação literária, o farmacêutico publicou a maior parte de seus romances mais destacados: Os Brilhantes (1895), Maria Rita (1897), Violação (1898) e O paroara (1899). Rodolfo Teófilo tentou representar fidedignamente os problemas sociais, políticos e ecológicos do Ceará e do nordeste de sua época em suas obras literárias.

Pesquisa Acadêmicas sobre Rodolfo Teófilo 

Pesquisador: Charles Ribeiro Pinheiro

DISSERTAÇÃO: Rodolpho Theophilo: a construção de um romancista (2011).
Local: Programa de Pós-Graduação em Letras - UFC.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva.
Resumo: Esta dissertação realizou uma investigação da formação intelectual e literária de Rodolfo Teófilo (1853-1932), verificando como se deu o seu amadurecimento como ficcionista em O paroara (1899). Para tal propósito, situamos, de maneira crítica, o referido autor em sua conturbada época e espaço social: a Fortaleza da Belle Époque. A pesquisa dividiu-se em três capítulos: o primeiro relacionou o escritor ao contexto em que está inserida a sua obra ficcional, além do estudo de seu campo intelectual e literário; no segundo, o estudo da dinâmica dos processos de leitura e desleitura e, no terceiro capítulo, como ocorreu a construção do estilo naturalista-regionalista de Rodolfo Teófilo. Ele realizou uma desapropriação poética da escola naturalista e atingiu uma escritura singular, recriando o regionalismo, tornando-se precursor da chamada Literatura das secas. Bolsa: FUNCAP.

Disponível em: PINHEIRO, C.R. 2011_UFC


TESE: Rodolfo Teófilo polemista: a crítica polêmica como estratégia de glorificação literária.
Local: Programa de Pós-Graduação em Letras - UFC.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva.
Resumo: A presente pesquisa investigou as polêmicas literárias de Rodolfo Teófilo, enfatizando os textos críticos publicados na imprensa cearense, como estratégias para atingir a glorificação literária. O escritor confrontou Adolfo Caminha, José Veríssimo, Rodrigues de Carvalho, Gomes de Matos, Osório Duque Estrada e Meton de Alencar em textos estampados em diversos periódicos, posteriormente reunidos na obra Os meus zoilos (1924). O livro dialoga intensamente com os debates da inteligência nacional do final do século XIX, os quais revelam tensões entre vários centros literários, tais como o Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza. O escritor integra uma tradição de polemistas brasileiros, a qual teve como importantes representantes José de Alencar e Silvio Romero. Bolsa: CAPES-DS.
Disponível em: PINHEIRO, C.R. 2019_UFC


Portfólio Acadêmico e literário: Portfólio - Charles


sábado, 4 de julho de 2020

Podcast #4 Os 130 anos de A Fome, de Rodolfo Teófilo


No quarto episódio do podcast Encontros Literários Moreira Campos relembraremos os 130 anos de publicação do romance A Fome, de Rodolfo Teófilo.
Romance inaugural da chamada ‘Literatura das secas’, que faria carreira ao longo do século XX, Lira Neto assim o define em O poder e a peste, sua biografia de Teófilo publicada pelas Edições Demócrito Rocha: “Literatura crua, sem meio tom ou maquiagem: o Sol implacável, corpos escaveirados, os horrores da miséria extrema. Romance como ninguém ousara escrever antes sobre o Ceará. Livro assim não podia ter outro nome: A Fome”.
Ambientado no Ceará entre os anos 1877-1879, período da chamada seca “dos três setes”, na qual uma grave epidemia de varíola ceifou a vida de milhares de cearenses, A Fome ganha renovado interesse, em tempos nos quais a pandemia do novo coronavírus parece reeditar as condições e vítimas preferenciais da incidência de qualquer crise sanitária: a desigualdade social e a pobreza, questões infelizmente ainda não contornadas no Brasil contemporâneo.
Rodolfo Teófilo ainda se destacou como farmacêutico, documentarista e historiador, com uma obra voltada ao estudo e à prática de combate aos desmandos da política do período, bem como das graves questões sociais e de saúde de sua época. Foi também integrante da Padaria Espiritual, um dos mais importantes movimentos culturais brasileiros do período, ocorrido na Fortaleza de fins do século XIX.

Para falar sobre o assunto, os ELMC convidaram Charles Ribeiro Pinheiro, mestre e doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (PPGLetras-UFC), pesquisador da obra de Rodolfo Teófilo e professor conteudista no Curso de Literatura Cearense da Fundação Demócrito Rocha (FDR). Charles Pinheiro atua também como autor de livros didáticos, roteirista e designer educacional.

Música de fundo: Odeon (Ernesto Nazareth) - Paul Barton, piano Mediação: Júlio Cezar Bastoni da Silva (DL - UFC).
Fonte: Júlio Cezar Bastoni.


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domingo, 31 de maio de 2020

Videoaula - Literatura Cearense: Notas introdutórias - Curso literatura Cearense

Assista à videoaula do curso Literatura Cearense e aproveite a viagem pelas escolas e produções literárias desde o século XIX até à contemporaneidade.

As aulas são exibidas todas as quintas-feiras às 18h15 e têm reprise todas as sextas-feiras, também às 18h15, na TV O POVO para os espectadores de Fortaleza e Região Metropolitana no canal 48.1 (sinal digital aberto) ou os canais 23 – Multiplay | 24 – Net (sinal fechado).
Todas as videoaulas ficam disponíveis no AVA junto aos podcasts, fascículos, exercícios e bibliotecas virtuais de cada módulo.
Para realizar sua inscrição e saber mais informações, acesse cursos.fdr.org.br

segunda-feira, 18 de maio de 2020

1º Fascículo do Curso de Literatura Cearense - Fundação Demócrito Rocha



Confira o primeiro fascículo do curso básico Literatura Cearense e inicie agora sua viagem pelas escolas e produções literárias desde o século XIX até à contemporaneidade com as notas introdutórias assinadas por Charles Ribeiro e Lílian Martins.

O curso de extensão é totalmente gratuito e a distância para todo Brasil, tem certificação de 140h pela Universidade Federal do Ceará e é composto por fascículos, videoaulas, podcasts e webconferências exclusivas com a presença de conteudistas ao vivo!
Para realizar sua inscrição e saber mais informações, acesse cursos.fdr.org.br

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Inscrições Curso Literatura Cearense - Fundação Demócrito Rocha



Hoje, 1º de maio, além de ser o dia dedicado ao Trabalho, é aquele em que comemoramos os 191 anos de nascimento de JOSÉ DE ALENCAR, grande romancista cearense e brasileiro, que tão forte marca deixou em nossa literatura.
Em 2019, aos seus 190 anos, apresentamos um projeto em comemoração à data e, assim, como presente desse aniversário para todos nós, A PARTIR DE 4 DE MAIO DE 2020 (segunda-feira), a Universidade Aberta do Nordeste da Fundação Demócrito Rocha, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e com o apoio da Universidade Federal do Ceará (UFC), inicia AS INSCRIÇÕES GRATUITAS E ABERTAS PARA TODO O PAÍS do curso básico de extensão LITERATURA CEARENSE, com 140h. Fascículos, videoaulas, radioaulas, webconferências, material complementar, entre outros, com o objetivo de promover, de forma geral e para todo o país, o interesse, a pesquisa e a leitura da literatura produzida no Ceará, desde o século XIX à contemporaneidade, através de alguns de seus autores(as), grupos/agremiações literárias e obras referenciais, em consonância com os estudos da Literatura Brasileira. Curta, COMPARTILHE BASTANTE e PARTICIPE: cursos.fdr.org.br


quinta-feira, 2 de abril de 2020

Dia Internacional do Livro Infantil - ANDERSEN


O Conselho Internacional sobre Literatura para jovens (IBBY), desde 1967, em homenagem ao aniversário do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, em 2 de abril, celebra o Dia Internacional do Livro Infantil (ICBD), com o intuito de inspirar o amor pela leitura e para chamar a atenção para os livros infantis. O aniversariante de hoje, Hans Christian Andersen (1805–1875), foi mestre do conto de fadas, publicados em livros que alcançaram renome mundial. Ele também é autor de peças teatrais, romances, poemas, livros de viagem e autobiografia, embora muitas dessas obras sejam quase desconhecidas fora da Dinamarca. Contudo, seus contos de fadas são sua grande contribuição para a literatura mundial. Autor de contos clássicos como "A Pequena Sereia" e "O Patinho Feio", outros contos tais como “A nova roupa do imperador” e a “Pequena vendedora de fósforos”, dotados de uma profunda e simbólica crítica social. Suas histórias, contendo verdades atemporais sobre a condição humana, continuam sendo lidas, reeditadas a adaptadas em variadas mídias, demonstrando assim, a universalidade de sua escrita, repleta de sensibilidade, de esperança e de compaixão.


quarta-feira, 1 de abril de 2020

Rodolfo Teófilo já combateu epidemia em Fortaleza; relembre trajetória do farmacêutico e escritor



Entrevista concedida ao jornalista Diego Barbosa para reportagem publicada no Jornal Diário do Nordeste, intitulada “Rodolfo Teófilo já combateu epidemia em Fortaleza; relembre trajetória do farmacêutico e escritor”, em que dissertei sobre a obra literária do referido escritor cearense, que é integrada a sua missão intelectual e sanitária. Na reportagem, é traçado o perfil de Rodolfo Teófilo como cientista, literato e inventor, enfatizando suas lutas sanitárias contra os males da seca e da varíola na capital cearense. No final do século XIX e início do XX, Fortaleza era constantemente arrasada pelas epidemias de varíola, matando milhares de pessoas, deixando corpos pelas ruas. Nesse contexto, Rodolfo Teófilo combatia as pestes biológicas e as pestes políticas.