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sexta-feira, 5 de março de 2021

Aniversário Patativa do Assaré

 

Na foto, a biografia escrita pelo pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho.

Hoje é aniversário de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (Assaré, CE, 1909-2002), é poeta, compositor, cantor e improvisador. Cego de um olho por causa de uma doença, ele só frequentou a escola por alguns meses, antes de ir trabalhar no campo para ajudar sua família. Por volta dos vinte anos, começou a cantar em festas populares cearenses. É a partir desse momento que ele recebe o apelido de Patativa, nome de um pequeno pássaro que vive na região. Foi em 1956, na festa da Feira do Crato, que conheceu José Arraes de Alencar, que o ajudou a publicar o seu primeiro livro, "Inspiração Nordestina".
Viva o aniversário de Patativa do Assaré, um dos maiores poetas cearenses do século XX.

"Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta e repentista brasileiro, considerado um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX. O seu poema “Triste partida”, em 1964, foi musicado e gravado por Luiz Gonzaga (1912-1989), o que lhe rendeu projeção nacional. Seus versos, traduzidos em vários idiomas, são temas de estudos em diversas universidades pelo mundo, a exemplo da Universidade de Sorbonne, na França, em sua disciplina “Literatura popular universal”. (Trecho do Fascículo 1 do Curso de Literatura cearense da Fundação Demócrito Rocha, 2020, em coautoria com Lílian Martins).


Na foto, a biografia escrita pelo pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho, em duas edições. Acima, a obra da coleção nordestina, "Patativa do Assaré-Cordeis", 2ª edição ampliada que foi indicada para o vestibular da Universidade Federal do Ceará.

Para que a poesia e a arte nos consolem desse mundo caótico e atroz.
Viva o aniversário de Patativa do Assaré, um dos maiores poetas cearenses do século XX.


"Cabra da Peste" - Patativa do Assaré em "Cante lá que eu canto cá"

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece, procura vencer,
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer

Não nego meu sangue, não nego meu nome,
Olho para fome e pergunto: o que há?
Eu sou brasileiro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará

Tem muita beleza minha boa terra,
Derne o vale à serra, da serra ao sertão
Por ela eu me acabo, dou a própria vida,
É terra querida do meu coração

Meu berço adorado tem bravo vaqueiro
E tem jangadeiro que domina o má
Eu sou brasileiro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará

Ceará valente que foi muito franco
Ao guerreiro branco Soares Moreno,
Terra estremecida, terra predileta
Do grande poeta Juvená Galeno

Sou dos verde mare da cor da esperança,
Qui as água balança pra lá e pra cá.
Eu sou brasileiro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará

Ninguém me desmente, pois, é com certeza
Quem quer vê beleza vem ao Cariri,
Minha terra amada possui mais ainda,
A muié mais linda que tem o Brasi.

Terra da Jandaia, berço de Iracema,
Dona do poema de Zé de Alencar
Eu sou brasileiro fio do Nordeste,
Sou Cabra da Peste, sou do Ceará.

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