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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Narradores de Javé: tensões e salvação pela palavra

 

“Narradores de Javé” é uma narrativa sobre narrativas. Lançado em 2003, com direção/roteiro de Eliane Caffé e roteiro de Luís Alberto de Abreu, conta com José Dumont; Gero Camilo; Rui Resende; Luci Pereira; Nélson Dantas; Nélson Xavier no elenco. É um dos filmes brasileiros mais premiados das últimas décadas, além de suscitar ricas e variadas possiblidades de interpretação.

O título do filme chama atenção por dois elementos essenciais de seu enredo: “Javé”, cenário da história, cidade pobre do interior da Bahia, que precisa ser salva de uma futura inundação, devido a construção de uma barragem hidroelétrica; e “narradores”, substantivo no plural, que corresponde aos habitantes dessa cidade, não apenas personagens, mas um conjunto dinâmico e polifônico de vozes, materializações efêmeras das experiências e histórias do povo. Portanto, o filme conta a luta de um povo para reconstituir a sua história, através da oralidade, para salvar a sua cidade da inundação.

O protagonista do filme é o próprio ato de narrar. Isso foi meticulosamente construído no roteiro de Caffé e Abreu. Quando nós narramos uma história, abrimos conexões. É assim que os humanos se comunicam desde o início dos tempos - contando histórias e nutrindo conexões. Contar histórias é universal e tão antigo quanto a humanidade. Antes de haver escrita, havia o ato de narrar. Ocorre em todas as culturas e em todas as épocas. Ela existe (e existiu) para entreter, informar, educar e promulgar tradições e valores culturais.

As pessoas, ao narrar histórias, dão forma as suas experiências e aos significados que essas experiências têm para suas vidas. Todas as culturas e sociedades também possuem suas próprias histórias sobre seu passado e seu presente e sobre sua visão do futuro. Essas narrativas incluem histórias de grandeza e heroísmo, ou de dor e sofrimento.